Um blog sobre nada

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Dói



Dói. Dói saber que a economia foi levada  sem direção definida nos últimos 4 anos, guiada pelo vento e pelas marés do mercado, sem saber que política adotar para conter a inflação e garantir o crescimento do país. Dói saber que mesmo os dados apontado os sucessivos erros da política econômica, milhões de eleitores optaram por se apegar a um líder que garante que a economia vai bem.

Dói. Dói saber que o governo se apoia em truques e maquiagens contábeis para testificar suas medidas. Dói saber que a aclamada baixa taxa de desemprego muito se deve à pessoas que não entram na estatística simplesmente por não procurar emprego. Dói saber que muitos se recusam a ver. Dói saber que o pior cego é o que não quer ver.

Dói. Dói saber que há pessoas que acreditam que a esquerda ganhou. Dói saber que mesmo muitos daqueles que não caíram no conto de um partido que se diz de esquerda tem uma visão política muito infantil. Dói saber que muita gente instruída se apegou às "oportunidades" geradas por esse governo para definir seu voto. Dói saber saber que o populismo ainda tem muita força.

Dói. Dói saber que tivemos uma eleição de tão baixo nível de debate. Dói saber que diante de uma disputa tão acirrada e importante, mais de 30 milhões de brasileiros (37 milhões, se contarmos brancos e nulos) referiram deixar seu destino e o do país nas mãos de outros. Dói saber que o medo de perder os benefício governamentais foi determinante.

Dói. Dói saber que a democracia brasileira ainda é uma criança inocente, talvez um adolescente. Dói saber que muita gente não gosta (e ou tem preguiça) de saber de política. Dói saber que que há muitas pessoas que não gostam de votar. Dói saber. Dói. Crescer dói.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Aécio pode ser vítima da própria estratégia



Olá pessoal, depois de muito tempo, estou de volta e mais uma vez o assunto é política. Nesse domingo tivemos o 1º turno do pleito de 2014. Ficou definido que, para o cargo de presidente, teremos 2º turno entre os candidatos Aécio Neves (PSDB), que obteve 33,55% dos votos válidos (um total de 34.897.211 votos), e Dilma Rousseff (PT), que ficou com 41,59% (43.267.668 votos).

Não é novidade para ninguém (ou não deveria ser) que Marina Silva (PSB) entrou na disputa acidentalmente, após a morte de Eduardo Campos. Talvez pela comoção, aliada ao número de eleitores que migraram para a ex-senadora, as pesquisas no início da campanha apontavam Marina como um fenômeno, chegando por vezes a um empate técnico com Dilma Rousseff, até então líder isolada.

Aécio e sua equipe não estavam prontos para esse fenômeno, e por semanas viram Marina surfar na sua desorientação e ganhar espaço na disputa. Então a direção de campanha do PSDB decidiu abandonar, por ora, a estratégia traçada inicialmente, de críticas à atual administração, para voltar seus ataques à Marina, inclusive relacionando a sua figura ao PT. Essa estratégia rendeu aos tucanos a virada que eles esperavam para levá-los ao 2º turno, porém pode ser decisiva para a derrota no próximo dia 26 de outubro.

Aécio conseguirá reinventar sua estratégia mais uma vez?

Marina Silva saiu da disputa com 21,32% dos votos válidos (em números absolutos, 22.176.619 votos), e a migração dos seus eleitores será um fator determinante, como foi em 2010, na definição do próximo presidente da república. A estratégia adotada por Aécio para chegar ao 2º turno pode atrapalhar a migração dos votos de Marina para sua candidatura, apesar da sinalização da candidata do PSB favorável a um apoio ao tucano. Querendo ou não, boa parte do eleitorado brasileiro fica com "dor-de-cotovelo" quando seu candidato é atacado por outro e acaba adquirindo uma aversão por aquele que atacou.

Os "marineiros" vão migrar o suficiente para a vitória tucana? Essa é a questão. Além da possibilidade de aversão, a associação que Aécio fez entre Marina com o governo do PT pode levar boa parte dos "marineiros" a, de fato, se identificarem com a candidatura petista no 2º turno. Aécio terá que reinventar (mais uma vez) sua estratégia se quiser impedir que isso aconteça, inclusive se tiver o apoio oficial por parte de Marina Silva.

Posso estar falando bobagem, mas acredito que se Dilma ganhar esse pleito, muito terá a agradecer à estratégia de Aécio. Sobre o governo, penso que Serra estava certo quando disse que Dilma não daria conta em 2010. Agora em 2014, Aécio e outros candidatos estão certos quando dizem que esse governo fracassou. Como em 2010, minha migração será de Marina para 45, resta saber se dessa vez o resultado será diferente do que foi 4 anos atrás.